domingo, 25 de dezembro de 2011

Pesquisa em Arte

Pesquisa em materiais e poéticas visuais
                              (Esse texto é parte de uma comunicação que fiz para o I encontro do grupo Esporo sobre pesquisa em arte.
                              Falo de meu trabalho artístico e de meus conceitos de pesquisa em arte. Num segundo momento postarei
                              outra parte do texto com mais imagens.)



A minha concepção de pesquisa em arte, dito de uma forma bem sintética, pressupõe duas coisas básicas, uma produção artística e uma reflexão sobre essa produção. Uma produção em andamento, o que quer dizer que produção e reflexão acontecem simultaneamente, ou paralelamente. Isso significa que podemos dizer que sem uma produção artística não há pesquisa em arte. Não podemos falar de pesquisa em arte, ou de pesquisa em poéticas visuais, se não existe um trabalho de produção de arte.

[Nota: existe arte sem pesquisa? Essa é outra questão interessante, não necessariamente para discutir nesse momento, mas que não deve ser descartada.]

Pesquisa em arte significa primeiramente ter um tema, um assunto, um motivo, ou um problema sobre o qual trabalhar, se preocupar, pensar, investigar, aprofundar e produzir. Significa também, claro, chegar à realização de um trabalho concreto, a uma produção, a uma resposta, ou (e/ou), provavelmente, a mais questões, mais dúvidas, mais reflexões.

A pesquisa se faz conforme o tema, o assunto, a técnica, a proposta de trabalho. Pode incluir a investigação em áreas específicas como a filosofia, ou a antropologia, ou a psicologia, ou a física, ou qualquer outra área de conhecimento, como também pode abarcar, simultaneamente, um leque grande de abordagens. Acho que necessariamente não precisa se prender a especificidades e as leituras devem caminhar segundo o trabalho em realização. Muitas vezes o trabalho se faz, mais do que é feito. Explico: nem sempre o artista domina o trabalho, em geral tem uma visão (que por vezes pode ser muito vaga) do que quer ou pretende e essa pretensão vai se formando, devagar, à medida que se vai trabalhando – e estudando –, até chegar a um termo. A pesquisa, as leituras, as reflexões, influenciam o trabalho, mas, da mesma forma, o trabalho influencia a pesquisa.

A arte se faz com muita vontade, como uma forma do artista ver o mundo, e uma forma de expressar esse mundo (ou de se expressar nesse mundo), que vem por sua vez de sua experiência/vivência desse mundo, do lugar em que nasceu e se criou, da forma em que foi criado/educado, da classe social a que pertence, da cultura (leia-se país, estado, cidade, região) em que cresceu, dos estudos que teve ou que não teve. E vendo, observando, estudando, captando, atentamente, compulsivamente. E com muito trabalho.

“O pintor não parte do nada: é da vida que ele vai extrair o tema para sua obra e, simultaneamente, traz consigo reflexos de sua vida.” CARMO. Paulo Sérgio do. Merleau-Ponty: uma introdução. São Paulo, EDUC, 2004, p. 134.

2 comentários:

dinildomar - #Díni disse...

Your emphasis is as well as your work displayed... I am your fan Zé and you know That. Right?

Rachele disse...

This is gorgeous!