quarta-feira, 8 de março de 2017




Há muitos anos fiz esse despretensioso trabalho para dar noções básicas de conservação de gravura 
e papéis a meus alunos. Recentemente o encontrei e pensei que deveria socializá-lo a todo o mundo
 e, quem sabe, abrir para novas sugestões, atualizações, correções, aprofundamento... etc.



GRAVURAS
ALGUMAS SUGESTÕES PARA EMOLDURAR E GUARDAR (Gravuras e papéis)

Prof. José César Teatini de Souza Clímaco*

·           Guardar as gravuras sempre em uma posição plana. Não enrolar nem para transporte.
·           Cobri-las com um papel de seda (papel de Ph neutro) até o momento de serem emolduradas.
·           Nunca por nenhum objeto sobre as gravuras
·           Perto de uma gravura não deve haver nunca nenhum tipo de liquido
·           Não expor a gravura diretamente à luz do sol ou a um foco de luz intenso
·           Não guardar as gravuras em sótãos ou subterrâneos, ou em lugares muito fechados ou úmidos.
·           Não misturá-las com papéis ou gravuras contaminadas por fungos. Estas, por sua vez, devem ser enviadas a restauradores profissionais, não tentar limpá-las com quaisquer produtos químicos, sem uma orientação destes profissionais.

A MOLDURA
·     Não emoldurar a gravura (ou qualquer obra em papel) em contato direto com o vidro (evitar moldura tipo "sanduíche"). O vidro não deve encostar na gravura ou no papel da gravura, deve haver um espaço de alguns milímetros entre o vidro e a gravura, para o papel "respirar" (a condensação de umidade dentro da moldura pode causar manchas). Para isso é melhor utilizar um paspatur (ou passe-partout) espesso (ver desenho).
·      Utilizar um paspatur duplo, que proteja as duas faces do papel: pela frente, deixando uma janela que deixe ver a gravura completa; por trás cobrindo toda a extensão do papel, isolando-o do contato com o Duratex ou compensado (ver desenho).
·        O papel do paspatur deve ser neutro, isto é, sem acidez, deve ter um PH neutro. Não deve ser um papel feito de pasta de madeira, porque tem um caráter ácido e provoca deterioramento da gravura depois de um certo tempo, com manchas e mofos.
·      Colar a gravura no paspatur com tiras ou cantoneiras de papel de seda ou papel japonês, cobertos com uma cola neutra: uma cola solúvel em água, um grude de amido ou uma cola de origem animal. Não se devem usar colas derivadas do petróleo, nem fita crepe ou durex. A cola branca, tipo Tenaz, também deve ser evitada.


·    O duratex ou compensado de fundo (ou o próprio passe-partout de fundo) pode ser neutralizado (pintado) com tinta PVC para cortar sua acidez e evitar transmitir fungo à gravura. Mas melhor do que o Duratex, usado normalmente, é o foam que é neutro e mais leve, embora um pouco mais caro.
·       Não permitir o corte das margens de uma gravura. A assinatura do artista, o título e o número da edição devem estar bem visíveis.

A GRAVURA NA PAREDE
·       A gravura não deve ser pendurada muita pegada à parede, para evitar a umidade que a parede pode transmitir ao trabalho. Nesse caso pode-se usar quatro fatias de rolha, coladas nos cantos do verso do quadro, que garantem a circulação do ar e isolam a umidade. Evitar paredes externas que recebem muita umidade.
·       Evitar o sol ou luzes muito fortes diretamente sobre o quadro. A luz e o calor podem prejudicar tanto o papel quanto as cores da gravura.
·       Limpar e controlar com frequência as molduras já que podem ser um foco importante de pó, insetos, mofo, etc.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
DAWSON, John. Guia completa de grabado e impresión. Madrid, H. Blume, 1982
VIVES, Rosa. Dei cobre al papel, la imagem multiplicada. Barcelona, Icaria, 1984
MORAES, Angélica de. Gravuras, compreensão e conservação. Porto Alegre, Cambona Centro de Arte. Webster Arte Editoração, 1984.