Há muitos anos fiz esse despretensioso trabalho para dar noções básicas de conservação de gravura
e papéis a meus alunos. Recentemente o encontrei e pensei que deveria socializá-lo a todo o mundo
e, quem sabe, abrir para novas sugestões, atualizações, correções, aprofundamento... etc.
GRAVURAS
ALGUMAS SUGESTÕES PARA EMOLDURAR E GUARDAR (Gravuras e papéis)
Prof. José César
Teatini de Souza Clímaco*
·
Guardar as gravuras sempre em uma posição plana. Não enrolar nem para
transporte.
·
Cobri-las com um papel de seda (papel de Ph neutro) até o momento de serem
emolduradas.
·
Nunca por nenhum objeto sobre as gravuras
·
Perto de uma gravura não deve haver nunca nenhum tipo de liquido
·
Não expor a gravura diretamente à luz do sol ou a um foco de luz intenso
·
Não guardar as gravuras em sótãos ou
subterrâneos, ou em lugares muito fechados ou úmidos.
·
Não misturá-las com papéis ou gravuras contaminadas por fungos. Estas,
por sua vez, devem ser enviadas a
restauradores profissionais, não tentar limpá-las com quaisquer produtos químicos,
sem uma orientação destes profissionais.
A MOLDURA
· Não emoldurar a gravura (ou qualquer obra em
papel) em contato direto com o vidro (evitar moldura tipo
"sanduíche"). O vidro não deve encostar na gravura ou no papel da
gravura, deve haver um espaço de alguns milímetros entre
o vidro e a gravura, para o papel "respirar" (a
condensação de umidade dentro da moldura pode causar manchas). Para isso é
melhor utilizar um paspatur (ou
passe-partout) espesso
(ver desenho).
· Utilizar um paspatur duplo, que proteja
as duas faces do papel: pela frente, deixando uma janela que
deixe ver a gravura completa; por trás cobrindo toda a extensão do papel,
isolando-o do contato com o Duratex ou compensado (ver desenho).
· O papel do paspatur deve ser neutro,
isto é, sem acidez, deve ter um PH neutro. Não deve ser um papel
feito de pasta de madeira, porque tem um caráter ácido e provoca deterioramento da gravura
depois de um certo tempo, com manchas e mofos.
· Colar a gravura no paspatur com tiras ou
cantoneiras de papel de seda ou papel japonês, cobertos com uma
cola neutra: uma cola solúvel em água, um grude de amido ou uma cola de
origem animal. Não se devem usar colas derivadas do petróleo, nem fita crepe ou
durex. A cola branca, tipo Tenaz, também deve ser evitada.
· O duratex
ou compensado de fundo (ou o próprio passe-partout
de fundo) pode ser neutralizado (pintado) com tinta PVC para cortar
sua acidez e evitar transmitir fungo à gravura. Mas melhor do que o Duratex,
usado normalmente, é o foam que é
neutro e mais leve, embora um pouco mais caro.
·
Não permitir o corte das margens de uma gravura. A assinatura do
artista, o título e o número da edição devem
estar bem visíveis.
A GRAVURA NA PAREDE
· A gravura
não deve ser pendurada muita pegada à parede, para evitar a umidade que a
parede pode transmitir ao trabalho. Nesse caso pode-se
usar quatro fatias de rolha, coladas nos cantos do verso do quadro, que
garantem a circulação do ar e isolam a umidade. Evitar paredes externas que recebem muita umidade.
·
Evitar o sol ou luzes muito fortes diretamente
sobre o quadro. A luz e o calor podem prejudicar tanto o
papel quanto as cores da gravura.
·
Limpar e controlar com frequência as molduras
já que podem ser um foco importante de pó, insetos, mofo, etc.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
DAWSON, John. Guia completa de grabado e impresión. Madrid,
H. Blume, 1982
VIVES, Rosa. Dei cobre al papel, la imagem multiplicada. Barcelona,
Icaria, 1984
MORAES, Angélica de.
Gravuras, compreensão e conservação. Porto
Alegre, Cambona Centro de Arte. Webster Arte Editoração, 1984.