terça-feira, 26 de julho de 2011

... ainda, os plásticos na gravura...

Cada plástico tem uma característica, de modo que cada técnica pode apresentar resultados diferentes de acordo com o plástico utilizado.



A ponta seca , por exemplo, pode ser utilizada em todos os plásticos. No acrílico, cuja superfície é muito dura, obtemos um resultado mais parecido com a ponta seca sobre o cobre. No PVC é aproximado, assim como no policarbonato. No poliestireno, porém, como é muito macio, as rebarbas são muito mais acentuadas, de tal modo que se obtém muito facilmente áreas escuras, com um simples cruzamento de linhas.



Do uso do buril, pode-se dizer quase a mesma coisa. Pode ser usado em todos os plásticos. O acrilico, como é o mais duro, dá um resultado mais aproximado à gravura em metal, ah! e praticamente o mesmo grau de dificuldade de trabalhar que o cobre! Nos demais plásticos, é mais fácil o uso do buril, com belíssimos resultados. Por outro lado, tende a dar uma linha muito funda, que dificulta a impressão em oco, mas, dá um ótimo resultado na impressão em relevo.


Minha pesquisa em plástico não foi na busca de um substituto para o metal ou para a madeira, mas antes, para descobrir as possibilidades que os plásticos pode apresentar e, claro, tirar o melhor partido disso! Proximamente, falamos de outras técnicas nos plásticos...



Fico falando nesses nomes complicados, gostaria de observar que é muito difícil distinguir um plástico de outro, mesmo para os especialistas! O poliestireno é esse plástico mais comum usado em caixas de CDs e nos próprios CDs (quebra fácilmente). Acha-se para comprar em grandes placas. O polipropileno é esse plástico usado para encadernação nas fotocopiadoras, mais difícil para comprar, pelo menos na minha cidade. Acrílico se acha para comprar, mas, é meio caro. O polipropileno é barato. PVC, também se acha, é mais acessível para o bolso. O polietileno é um plastico leitoso, mais difícil de achar, é o melhor substituto para o linóleo!









Acima: gravura realizada em uma matriz de poliestireno, plástico macio, que permite trabalhar com diversas ferramentas. Nessa matriz foram utilizadas, basicamente, ponta seca e buril, mas, também, roleta, berçô, goiva e diluição com solvente e carborundum.


Abaixo: gravura também realizado em poliestireno, ponta seca, buril e gravação de textura. (Ambas as imagens são de 1995)



sexta-feira, 22 de julho de 2011

Fui convidado pela Usina de Artes - instituição estadual da cidade de Rio Branco, capital do Acre - para ministrar uma oficina de gravura em matrizes de plásticos, na primeira semana de julho último.

Tenho um livro sobre esse assunto, fruto de minha pesquisa de tese de doutorado, defendida em Madri - Espanha, no final do ano de 1995, publicado pela Editora da UFG, em 2004*.

Trabalhei com cinco tipos de plásticos - PVC, PVC expandido, poliestireno, polietileno, polipropileno, policarbonato e acrílico – para utilizá-los como matriz de gravura, pesquisando diferentes maneiras e materiais para gravar sobre sua superfície e imprimi-los.

As formas desenvolvidas para gravação foram: (a) incisões com ferramentas de xilogravura e de calcografia; (b) diluição, para criação de tons e texturas, com solventes fortes; (c) calor, através do uso de pirógrafo ou soldador elétrico, soldador a gás e queimas; (d) furadeira com pontas de metal ou volfrâmio e (e) impressão de texturas, com pressão, calor ou diluição.

Cada plástico tem características que os assemelham o os distinguem, como dureza para incisões (como o PVC e o acrílico), ou, ao contrário, ductibilidade, (como o polietileno e o PVC expandido; maior resistência ao solvente (como o polipropileno e o polietileno), ou menor (como o poliestireno e o acrílico); etc. Alguns são mais propícios para determinadas técnicas e outros para outras formas de gravar. Tem que se escolher o plástico de acordo com o objetivo ou o projeto, ou adaptar-se a eles.

Mas as possibilidades são muitas, com resultados algumas vezes semelhantes à xilogravura, outras vezes similares à gravura em metal e muitas vezes com características muito próprias que os distinguem de todos os processos de gravuras.

Além disso, permitem a impressão em relevo (como a xilo) ou em oco (como o metal) e, muitas vezes, dependendo da gravação, permitem a impressão simultânea em oco e em relevo. E, ainda, a impressão pelo método de Hayter.

*CLÍMACO, JCTS. Gravura em matrizes de plástico. Goiânia: Editora da UFG, 2004.



Posteriormente, postarei aqui algumas imagens de minhas experiências.












Fotos da oficina de gravura em matrizes de plásticos, ministrada na Usina de Artes em Rio Branco - Acre


Gravando a matriz de plástico com um soldador elétrico





Entintando a matriz com um rolo de xilografia para impressão em relevo



Limpando a matriz para uma impressão em oco, à maneira da gravura em metal

Impressão da matriz de plástico: ponta seca e pirógrafo em matriz de poliestireno




































quarta-feira, 13 de julho de 2011

entrevista

Entrevista concedida à jornalista Renata dos Santos do jornal de Goiânia O Popular, em 1º. de julho de 2011